segunda-feira, 5 de setembro de 2011


Eu sou a que no mundo anda perdida, 
Eu sou a que na vida não tem norte, 
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte 
Sou a crucificada… a dolorida

Sombra de névoa ténue e esvaecida, 
E que o destino amargo, triste e forte, Impele brutalmente para a morte! 
Alma de luto sempre incompreendida!

Sou aquela que passa e ninguém vê
Sou a que chamam triste sem o ser 
Sou a que chora sem saber porquê
Sou talvez a visão que Alguém sonhou,

Alguém que veio ao mundo pra me ver 
E que nunca na vida me encontrou!


(Florbela Espanca)

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